quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Dalí's Inferno

Quando decidi escrever um blogue ainda pensei duas vezes no nome a escolher mas depois percebi que tinha de estar relacionado com este Senhor.

Salvador Dali é, desde que me lembro, o meu pintor favorito. O primeiro quadro dele que vi foi “Persistência da Memória” e logo me apaixonei. Tem a ver com aquela coisa a que chamam sensibilidade, aquilo de que ouvimos falar tantas vezes. Olhar para algo e… adorar!

Para mim é isso que faz uma obra de arte, é isso que me faz gostar de uma obra de arte. Quando olho para alguma coisa e a sinto… quando me preenche, quando me trás algo novo. E isso aconteceu quando olhei pela primeira vez para a “Persistência da Memória”. Completou-me, encaixou nalguma parte do meu ser, e isso fez-me sentir bem. Lembro-me que vi esse quadro pela primeira vez no livro de história de arte de um amigo e que quis logo saber mais sobre quem o tinha pintado. Aí começou a minha Paixão pela obra e pela vida de Salvador Dali, tinha então 13/14 anos.

Desde aí pesquisei muito e conheci muitos dos seus quadros e todos me tocam de alguma forma. Não porque os consiga compreender (e quem compreende o génio de Salvador Dali se não o próprio?) mas consigo senti-los, senti-los como uma forma de expressão muito poderosa. Daí a escolher a minha formação profissional foi um pulinho. Queria saber mais e compreender mais o que é isso da arte, ou melhor, o que é isso da Cultura e licenciei-me em Gestão de Actividades Culturais.

Não podia escolher algo na vertente da criação artística pois nunca tive a habilidade e a criatividade para o fazer. Acredito seriamente que os artistas já nascem artistas, precisam de formação para crescerem e melhorarem mas o bichinho já lá está. Sempre. Assim escolhi a Gestão de Actividades Culturais. Inicialmente com o objectivo de trabalhar com artes plásticas mas rapidamente percebi que queria mais… Entretanto o curso acabou (já em 2005) e eu continuo a trabalhar em algo que nada tem a ver com isso. Apesar disso a cultura continua cá e não perco a esperança de um dia poder mostrar tudo o que apreendi, de o poder colocar em prática.

Quanto à obra escolhida para nomear este blogue foi uma entre muitas possíveis. Apesar de adorar a pintura em tela as litografias sempre me chamaram a atenção, talvez por nunca terem tido relevância suficiente para o autor as passar para tela. Relevância ou disponibilidade…

Na obra “Dalí’s Inferno” assume a posição de juiz, de quem decide a passagem das almas para o inferno. No início de um corredor que leva a um mar de chamas ele julga quem é digno ou não de passar afrontando a ideia cristã/católica que todas as almas almejam o Paraíso, o Céu. Dalí nesta obra mostra exactamente o contrário, que existem almas em busca do Inferno, que aí sim é possível encontrar a felicidade. Quando o vejo ali atrás da mesa, como num púlpito de um juiz não deixo de pensar que se está a julgar a si próprio e é isso que me “toca” nesta obra, a ideia de que nós devemos ser sempre os maiores juízes de nós próprios. Que a nossa moral deve guiar a nossa vida e não os pré-juizos feitos por terceiros e quartos.

Isto é para mim, de uma forma simples o que vejo no “Dalí’s Inferno”, sem que não é a análise feita por outros (teóricos e estudiosos da obra do autor) mas é a minha análise. Há mais alguma que importe?

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